Professores à beira de um ataque de nervos!
02-02-2017

É comum ouvir-se, pelos profissionais de educação, que os alunos são mal comportados, insolentes, que os pais não colaboram, não educam os filhos e que se perdeu o respeito pelos professores que, cada vez mais se sentem desautorizados.
Por outro lado, não é menos vulgar ouvir, por parte dos pais, comentários como: "os professores não se fazem respeitar, as escolas não têm condições, não há vigilância suficiente" e o tão usual, "é esta a educação que te dão na escola?...".
Na origem desta luta de atribuição de culpas estão os alunos indisciplinados, os alunos que apresentam comportamentos disruptivos e que nas escolas colocam os "Professores à beira de um ataque de nervos!!!"Quando nos referimos aos comportamentos disruptivos falamos em três grandes tipos: distracção e desvio às regras escolares, desafio à autoridade do professor e conflitos entre pares - bullying.
Os comportamentos disruptivos são definidos como comportamentos de transgressão às regras escolares que prejudicam as condições de aprendizagem, o ambiente de ensino e o relacionamento das pessoas na escola. Sendo exemplos: perturbar as aulas, constante desafio aos professores, recusa de tarefas, distracção, agressões...Embora exista, muitas vezes,uma luta constante entre a escola e a família, para a atribuição de "culpas" por tais comportamentos, a origem dos mesmos é multifactorial, estando assim inerente aos mesmos factores: individuais, familiares e escolares.
E quem são estes alunos?Muitos destes alunos, são crianças/adolescentes com baixo auto-conceito e auto-estima, que poderão apresentar alterações de comportamento (ex. Perturbação de Hiperatividade com Défice de Atenção, Perturbação de Oposição e Desafio), dificuldades de aprendizagem, fortes sentimentos de injustiça em relação aos processos de ensino e aprendizagem e que frequentemente são oriundos de famílias disfuncionais e vitimas de exclusão e discriminação social.
Será que apenas se infringem as regras com determinados professores?Não...No entanto, sabe-se que as diferenças individuais dos professores influenciam bastante os comportamentos na sala de aula, e um professor com um perfil assertivo, terá certamente um melhor clima de sala de aula, do que um professor passivo ou agressivo. Pois este professor ao fazer-se respeitar e respeitar os seus alunos, ao utilizar um discurso objectivo, claro, ao cumprir e fazer cumprir regras, ao incentivar os seus alunos a progredir e a cooperar, transmitirá segurança, o que terá elevadas repercussões na capacidade de tranquilizar a turma e gerir os conflitos que possam existir, ao contrários dos professores, que abusam da sua autoridade e são demasiado repressivos, ou pelo contrário não impõem regras, limites e predomina a elevada tolerância.Algumas das estratégias para a diminuição/extinção, destes tipos de comportamentos, passam pela gestão da sala de aula. E é importante, que desde o 1º dia de aulas se transmita segurança, firmeza, organização, se estabeleçam regras (rotina sala de aula, forma de participar, deslocações na sala,etc) o que não significa que não se efectue uma "recepção calorosa", muito pelo contrário!!!Regras estabelecidas, compreendidas e aceites, serão sempre para cumprir. Por exemplo, o inicio de aula deverá ser alvo de elevada atenção pelo professor, pois um inicio perturbado, poderá originar uma manhã de aulas perdida. E para isto, basta apenas que no inicio da aula, o professor esteja de costas para o quadro, envolvido no plano diário, enquanto os alunos se atropelam, brincam, se desmotivam das aprendizagens....
A par do aumento das metas curriculares, cresce também a desmotivação de alunos e professores...
Um aluno motivado na sala de aula, terá certamente uma menor possibilidade de apresentar comportamentos disruptivos, algumas das estratégias que poderão ser utilizadas pelos professores para a motivação do seus alunos são:
● Frequente monitorização do trabalho dos alunos, através da observação do modo como executam as tarefas propostas
● Apoio superação dificuldades
● Estimulação do interesse dos alunos, mandando-os ao quadro, colocando questões de forma aleatória, procurando distribuir a atenção por todos
●Variar estratégias ensino-aprendizagem (actividades experimentais, material áudio-visual, trabalho de pesquisa, relatórios)
● Adequar actividades aos conteúdos, conhecimentos, interesses e faixas etárias.
Para além de estratégias de motivação, muitas vezes, é necessário aplicar estratégias de mudança comportamental, como são exemplos: o reforço social positivo, contratos comportamentais, sistemas de créditos, role-playing, time-out...
A escola ao desenvolver competências comportamentais e sócio-cognitivas, fomentar auto-conhecimento nos domínios emocionais e proporcionar aquisição de competências sociais e de resolução de problemas, certamente contribuirá para uma diminuição dos comportamentos disruptivos, mas só em conjunto com a família, e com toda a comunidade se poderá trabalhar na melhor forma de combatê-los, que passa tão simplesmente, por PREVENI-LOS!
Dr.ª Ana Brito | Psicóloga Clínica